Anjos

Anjos
Há Sempre alguém que nos Guia

terça-feira, 30 de junho de 2015

Porque ele já se foi (Pai)

Falta-me um pedaço,
um pequeno espaço
no centro do coração.
É um buraco pequeno
que transporto deixando vê-lo
sem me incomodar.
Trespassa-me e faz-me frio
deixa a gente a olhar.
Porque o farão?
Só porque ali, podem ver através
de mim, o meu coração?
Falta-me um pequeno nada
que faz todo o sentido.
Esse orifício, deixa-me vulnerável
e isso é detestável.
Carrego-o sem me incomodar
disse e afirmo...
É pura mentira!
Sei que não me impede de amar
mas não é regular,
andar sem um bocado.
Falta um bocado de mim
põe-me á beira do fim...
Contudo na vida temos que seguir
 enfrentar o mundo...
Duro, ter que conseguir
assim esburacado!

Fátima Soares - um poema dos muitos que escreves-te, amiga Fá.
 

tags: amor, buraco, mundo, vida


sexta-feira, 26 de junho de 2015

Conselho



Um sinal para ti: Tenta ser alguém de quem a tua essência se orgulharia. Tenta ser o que ela gostaria que tu fosses. A tua essência é o mais íntimo de ti, a energia mais pura a que possas aceder. Quando és algo de que ela se orgulha, é sinal de que já acedeste. Que sabes quem ela é e a respeitas. E queres ser como ela porque aceitas essa energia como única e indeformável.

Quando tentas ser quem não és, ela fica triste, abatida e tímida. Quanto te aceitas e perdoas, ela fica livre, poderosa e cristalina. Vive mais tempo e pode cumprir mais missões na terra. Tu vives feliz, porque sabes quem és e podes – e sabes – lidar com isso. E eu, cá de cima, vejo brilhar mais uma estrela, que é a junção da mente, a alta frequência da aceitação, com a luz, a alta frequência da essência.

Tenta viver do modo que a tua essência gosta. Ela viverá mais anos e será mais feliz. E o ego, essa voz na cabeça que diz para não arriscares, não avançares, que diz que não és capaz, que não vale a pena, essa energia de auto-restrição, rejeita-o pura e simplesmente e envia-o cá para cima. Nós trataremos dele.


Jesus /Projecto Alexandra Solnado

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Um Ano Já Passou

Parece que foi ontem que nasci, quando ele me mudava as fraldas, me adormecia, foi com ele que fui pela primeira vez ver os palhaços, que por sinal correu mal,desatei a chorar com medo deles, a primeira ida ao cinema foi um bocado frustrante pois o filme era adulto demais só tinha 14 anos e ele levou-me a ver Doutor Jivago, mas depois vi Música no Coração e aí vim com a cabeça cheia de sonhos, adorei o filme. As férias na praia de Sta. Cruz ou em Tróia a fazer campismo selvagem. O ano que fui até Angola (Lobito) passar férias com ele, que na altura estava lá a trabalhar. Os Natais os  Aniversários, as Marchas, em principal a do Alto do Pina que em tempos quando ainda tinha 18 anos foi marchante, tantas, tantas recordações. Tenho saudades, tenho uma das asas partida, perdi os sonhos de te ter ali sempre pronto a olhar, a sorrir a refilar a chamar-me "Galo Doido". Às penso que ainda te vou ouvir a falar comigo ao telefone... "Anita é o pai...". Faz amanhã um ano que Deus quis levar-te, doeu muito ter de olhar para o teu rosto pela última vez, nem sei como me aguentei de pé, mas todo o meu corpo tremeu, tremeu de uma dor enorme. Pai Pai Pai tantas vezes ainda te chamo, será que estás sempre junto de mim ? Vais ficar sempre cá dentro, junto ao meu coração. Amei-te muito. Hoje fazes 83 anos PARABÉNS estejas onde estiveres, agora és livre de voar.

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Pedro Chagas Freitas um amigo do Fac....

Querida mãe, 
Querido pai:
O tempo passa sobre as lágrimas que choro, já nem cicatrizes tenho do que um dia me feriu. E no entanto a memória. A cabra da memória. 
Ninguém merece uma memória feliz. 
E eu fui. E nós fomos. Felizes. A casa cheia com a nossa alegria dentro. O quintal, o avô a contar mil e duas vezes as histórias que já tinha contado mil e uma vezes, a avó sempre preocupada em encher a mesa, os tios a dizerem que a vida custa. E custa, pai. E custa, mãe. 
Ninguém merece uma casa vazia. 
E os cheiros. Os cheiros não passam. Os cheiros são a melhor forma de se sofrer. Cheiro a cozinha onde um dia a vida. Onde um dia o sonho. Eu menino na cozinha cheia do avô, da avó e dos tios. Eu menino a sonhar com eu grande, grande como os tios – «um dia vou ser rico e comprar muitas coisas». Eu menino a querer crescer.
Ninguém merece um corpo que cresce.
E a perda. A puta da perda. A avó com um cancro dentro. O avô a ceder a cada dia que a sua Maria se ia. E os tios e as rugas. Todos a irem a cada dia em que eu crescia. E tudo morre quando nos morrem os sonhos. 
Ninguém merece ficar para além dos sonhos.
E já não há avó e já não há avô. Há o cheiro da cozinha quente com os meus sonhos dentro. O cheiro do quarto onde me escondia, debaixo da cama, para ver os adultos falar. As palavras novas, palavras grandes, palavras feias. O abraço apertado do tio André – «estás a ficar um mocetão, rapaz» – nas minhas costas de criança. A casa vazia com o que sou dentro. 
Ninguém merece sobreviver ao que mata. 
E ter um pai e uma mãe. Só quando a casa se esvazia é que se sabe o que vale um pai, o que vale uma mãe. E não interessa o que foi, o que ficou por ser. Não interessam as palavras que um dia dissemos, os erros que um dia não evitámos cometer. Não interessa a voz grossa do pai – «tens de ser um homem a sério» – nem a dor muda da mãe. Não interessa o que se perdeu quando se tem um pai e uma mãe para apertar. Ainda estamos, mãe. Ainda estamos, pai. 
Ninguém sabe o que é perder quando ainda tem uma mãe e um pai para abraçar.
E enquanto tiver os vossos ombros para pousar nenhuma lágrima morrerá solteira.
A mais recente obra de Pedro Chagas Freitas.
Encomenda de exemplares autografados exclusivamente através do e-mail
pedrochagasfreitas1@gmail.com